Imaginemos que toda essa onda de
protestos que está ocorrendo Brasil adentro em busca do Passe Livre enfim dê
certo. Imaginemos que o governo, cansado de tanto vandalismo e medidas de
contenção inúteis, se veja forçado a permitir com que qualquer um ande de graça
nos ônibus das cidades, o que irá acontecer?
Com o serviço de transporte
público sendo grátis, a procura por ele será enorme; a demanda será aumentada
de forma abrupta, sendo que a oferta não foi aumentada, seja porque o governo
não concede mais licenças ou porque não há oferta estatal que consiga suprir
uma demanda dessa dimensão. Como consequência, os pontos de ônibus se tornarão
lotados. Tentar entrar em um ônibus será como tentar comprar frango na
Venezuela, ou seja, será uma verdadeira corrida onde os mais rápidos e
fortes sairão na frente.
Com tanta gente “dispondo” do
serviço recém-"gratuito", os ônibus se tornarão verdadeiras latas de sardinha,
levando muito mais gente do que ele pode suportar de forma segura. Não que isso
não ocorra hoje em dia, mas a visão se tornará muito mais constante.
Mas de onde vem todo esse
dinheiro para sustentar esse serviço “gratuito” e “universal”? Ele tem que vir
de algum lugar. Ele virá, obviamente, dos impostos que a população como um todo
estará pagando, população esta que é formada por pessoas que sequer usam o
transporte coletivo, incluindo pessoas pobres que já não dispõe de muito
dinheiro para arcar com suas necessidades de curto prazo. Imagine uma costureira
que trabalha em casa, ou um padeiro que mora em um sobrado em cima da padaria,
ambos não necessitam de transporte público e não possuem uma renda muito alta,
mas estarão pagando pelo transporte usado de forma abusiva por outros.
Ok, ok... algumas vertentes desse
movimento querem apenas o Passe Livre para estudantes e com limite de duas
vezes ao dia, o que é muito mais possível de ser alcançável porém não muito
menos ridículo. Caso esta variante do Passe Livre seja aprovada, os custos do
transporte terão que ser transferidos aos outros usuários dos ônibus, ou seja,
o preço das passagens destes será aumentado na proporção de estudantes usando o
transporte. Vale lembrar, agora que é grátis, mais estudantes se verão tentados
a usar o transporte, elevando assim os custos para os outros usuários. Só
deixando claro que usuários de ônibus e demais transportes coletivos são
pessoas no geral de classes mais baixas.
No fim, veremos mais do mesmo que há nos setores públicos:
muita demanda para pouca oferta e gente pagando por aquilo que não usou.
Curti.
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